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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Eu quero te conhecer melhor, qual o problema?

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Eu quero te conhecer melhor, qual o problema?

Ontem uma amiga me disse: Nena, qual o problema de você virar para uma pessoa e dizer, quero te conhecer melhor?
E então, parei para refletir!


A verdade é que conhecer o outro melhor não implica em ter um relacionamento sério (namoro, noivado, casamento). Mas, em iniciar um vínculo afetivo que pode ou não dar frutos. Quando falo em frutos me refiro não somente a relação homem versus mulher. Mas, em uma amizade saudável, harmoniosa e verdadeira, em que confiança, respeito e admiração se façam presentes.
Sempre bato na tecla de que qualquer relacionamento humano é baseado em três pilares: respeito, confiança e admiração. Para respeitar, admirar e confiar no outro, faz-se necessário conhecer melhor. E qual o problema em conhecer o outro melhor? Nenhum.
Somos frutos da nossas escolhas sejam elas corretas ou não, somos o que fazemos, emoção, sentimento, pensamento e comportamento. Somos o que os outros veem, mas, somos muito mais o que sentimos e pensamos. Então, não há melhor forma de conhecer o outro que conhecer seus princípios, seus amores, suas desventuras, seus sabores, seus dessabores, suas alegrias e suas dores. 
A grande verdade é que conhecer o outro, é ser capaz de reconhecer pontos positivos e negativos na personalidade do outro e na sua. O grande problema é que ao conhecer o outro, você aprende a se conhecer melhor e avaliar suas falhas e percepções do mundo. Neste momento você consegue se enxergar melhor e as vezes não se enxerga tão belo, tão inteligente, tão jovial como supunha.
Identificar as emoções do outro nos leva a nos conhecer melhor e a conhecer melhor o mundo que nos cerca, isto é crescimento emocional e espiritual, o grande problema é que nem todas as pessoas estão preparadas para se enxergarem exatamente como são: com defeitos e qualidades. Pois, quanto mais conscientes dos nossos defeitos, menos acreditamos que devemos ser admirados por outrem.


Sabemos que os seres humanos por natureza são seres sociáveis. Logo, nosso aprendizado está diretamente ligado a troca de saberes que ocorre durante o contato com o outro. A troca de experiências nesta vivência coletiva em que nos encontramos nos proporciona novas perspectivas de vida e de mundo.
Não é fácil enxergar-se sem máscaras diante do espelho da vida, mas, é extremamente necessário para que não se crie expectativas infundadas e frustradas em relação a determinada situação. A partir do momento em que você se torna mais consciente de si e do outro, você começa a desenvolver sentimentos mais saudáveis e de menos apego em relação ao outro, deixando de enxerga-lo como uma extensão de si próprio para vê-lo como indivíduo que ele é, com vontade e querer próprio.
Óbvio que vivendo em um mundo com tanta diversidade as vezes é complicado iniciar um vínculo, algumas pessoas tem um medo terrível de se envolver, de deixar que o outro se aproxime, de se apaixonar, de tirar a máscara e deixar-se serem vistas como realmente são.
Algumas pessoas tem um medo profundo de se envolver, medo do amor, de se sentirem frágeis ou de serem hostilizadas em seus sentimentos e por este motivo se isolam e criam um mundinho particular. São inúmeros e diversos os motivos que as pessoas tem para criarem uma certa resistência a aproximação de desconhecidos. Portanto, se realmente for do seu interesse manter contato, será necessário usar da criatividade e da persistência para conseguir adentrar a bolha territorial do outro, sem que o mesmo se sinta ofendido, invadido. É um processo complicado, mas, normalmente pessoas mais retraídas são uma fonte inesgotável de surpresas e conteúdo valioso.

“Pessoas caladas, tem mentes barulhentas”. Stephen Hawking.

Particularmente me sinto extremamente atraída por aquilo que é envolto em uma camada fina de mistério, onde cada dia é uma nova descoberta, um novo querer, um novo sorriso, um novo sabor. Gosto de emoções marcantes, únicas e verdadeiras em que cada dia há uma fronteira a menos, em que o querer se renova, a descoberta encanta e o sorriso enaltece. Talvez, por ser extremamente transparente e comunicativa, o oposto me atraia tanto. Buscamos no outro qualidades que admiramos, mas, que muitas vezes não possuímos, estes aspectos inerentes a nossa personalidade que precisam ser melhorados ou aprimorados, encontram vazão quando convivemos com pessoas que possuem estas qualidades.
Conhecer o outro é um exercício diário, as pessoas mudam, agregam valores, abrem mão de preconceitos, evoluem e assim a cada dia que nascem são novas pessoas, com bagagem e intelectos diferenciados.
Não importa o tempo de relacionamento que exista entre vocês. Enquanto as barreiras não forem derrubadas e houver a aproximação, você nunca será capaz de ver a pérola que há no outro. Conhecer suas dores, alegrias, sonhos, apoiar, sorrir junto, chorar se for necessário é construir um tipo de relacionamento mais saudável e harmonioso.
Lembre-se nos evoluímos todo o tempo e não podemos esperar que o outro permaneça em um estado de profunda introspecção para sempre. Por este motivo é tão importante abrir os canais de comunicação que nos unem, o dialogo nos permite desenvolver um maior entendimentos sobre nossos pensamentos, ideias, anseios e desejos. Faz-nos compreender melhor o outro, suas dificuldades, tristezas, alegrias e sonhos. A transparência de sentimentos, além de unir duas pessoas aumenta a possibilidade, inclusive, de um julgamento mais justo em relação ao próximo.

E na profundeza de nossa própria personalidade há um mundo a ser descoberto que muitas vezes nem nós mesmo conhecemos. Então, Mary respondendo a sua pergunta: Nena, qual o problema de você virar para uma pessoa e dizer, quero te conhecer melhor?
Nenhum. Mas, é preciso compreender que nem todo mundo é capaz de se mostrar como realmente é. Para conhecer o outro primeiro faz-se necessário ganhar sua confiança e acima de tudo conhecer a si próprio. E quase ninguém está disposto a fazer uma auto análise dos seus sentimentos e atitudes.
Onde impera o respeito, a confiança e admiração, o amor e a consideração não irão faltar. Eu só consigo admirar, respeitar e confiar aquilo que sou capaz de reconhecer como único e verdadeiro.
Considerando que cada pessoa é única em sua essência, caso se aproxime de mim, com um sorriso nos lábios e um brilho intenso nos olhos lhe direi: Quero te conhecer melhor!
Welcome to my life. Porque eu sou assim:

"Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Clarice Lispector  

Bibliografia
O desafio do amor humano de Jutta Burggraf.
Interpretação baseada em STAROBINSKY, Jean em a "Transparência e Obstáculo" (1991) pela Editora Companhia Das Letras, São Paulo.


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